domingo, março 20

O fim da viagem...

Como terá sido, para os nautas, a sensação de chegar à Índia? Como terão sentido a sensação do fim?
Tens o Google Earth? Se a resposta for afirmativa, segue o link e delicia-te a "viajar"!
[...] Que diferença para os navegadores dos Descobrimentos! Esses saíam do Restelo e enquanto vissem a orla da praia estavam ligados ao mundo; mas, desaparecida ela, eram homens totalmente perdidos de quem ninguém mais sabia nem os outros deles nem eles dos outros. Cada um dos que ficavam ia à sua vida pelas ruelas da cidade moirejando o seu pão e eles, os navegadores, tanto podiam ir para o fundo das águas, como arribarem nas ilhas verdes e serem cortados às postas, como tornarem-se reis dos indígenas, que ninguém sabia de nada. Era o abandono total. Era a fome, a sede, o escorbuto, a agonia, a revolta, a traição, a morte lenta e raivosa, sem remissão possível, o bambolear enjoativo e incansável do madeiro sobre as águas. Passavam-se meses, um ano, dois anos. Às vezes sucedia voltarem e então vinham contar o que tinham passado. Tinham passado a maior aventura de todos os tempos, e, além disso, vinham sabendo que havia no mundo homens de outras cores, organizados segundo outras formas de sociedade, em que a moral era diferente, os valores humanos outros, os deuses outros, e que a Terra era redonda e que girava em torno do Sol como qualquer outro insignificante planeta. Sentavam-se na praia a pensar nisso e tinham nos olhos o brilho de um homem novo.
Rómulo de Carvalho, O Astronauta e o Homem dos Descobrimentos, in "O Comércio do Porto" (Plural, 2004: 234)
O recurso da nossa aula:

PP fim

Um pouco de História:
A armada 
   Nau                  Capitão                         Piloto                          Mestre                      Escrivão
São Gabriel         Vasco da Gama          Pêro de Alenquer           Gonçalo Álvares                 Diogo Dias
São Rafael           Paulo da Gama            João de Coimbra                     ---                        João de Sá
Bérrio                  Nicolau Coelho           Pêro Escobar                          ---                       Álvaro de Braga


Navio de
mantimentos        Gonçalo Nunes            Afonso Gonçalves

Entre os mareantes, incluiam-se dois intérpretes, Fernão Martins e Martim Afonso de Sousa, e dois frades, João Figueira e Pêro da Covilhã. Ao todo, as tripulações perfaziam 170 homens.
Os marinheiros dispunham de cartas de marear onde estava marcada toda a costa africana conhecida até então, de quadrantes, astrolábios de vários tamanhos, de regimentos e de tábuas com cálculos — como as tábuas astronómicas de Abraão Zacuto —, de agulhas e prumos. Um dos navios transportava exclusivamente mantimentos para três anos: biscoitos, feijão, carnes secas, vinho, farinha, azeite, salmouras e outras coisas de botica. Estava previsto o reabastecimento contínuo ao longo da costa de África. A viagem à Índia foi realizada por 3 naus e um navio de mantimentos.

Regresso a Portugal:


Vasco da Gama apresenta a D. Manuel as primícias da Índia (Biblioteca Nacional de Portugal, c.1900)A 12 de Julho de 1499, depois de mais de dois anos do início desta expedição, entra a caravela Bérrio no rio Tejo, comandada por Nicolau Coelho, com a notícia que iria emocionar Lisboa: os portugueses chegaram à Índia pelo mar. Vasco da Gama tinha ficado para trás, na ilha Terceira, preferindo acompanhar o seu irmão, gravemente doente, renunciado assim aos festejos e felicitações pela notícia.
Das naus envolvidas, apenas a São Rafael não regressou, pois teria sido queimada por incapacidade de a manobrar, consequência do reduzido número a que se via a tripulação no regresso, fruto das doenças responsáveis pela morte de cerca de metade da tripulação, como o escorbuto, que se fez sentir mais afincadamente durante a travessia do Oceano Índico. Apenas 55 dos 148 homens que integravam a armada sobreviveram a este grande feito.
(Fonte: Wikipedia)

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